quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Ciências Agora
Ciências Agora
Banana faz sorvete demorar mais para derreter
Visão laser em lentes de contato
Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
Realidade virtual e aumentada no ensino do inglês
Dezoito pessoas podem morrer por dia na Grande SP por poluição até 2025
A água no Brasil: da abundância à escassez
Conheça a radula, a planta que pode ser a maconha do futuro
Cavernas no pré-sal poderão armazenar CO2
Origem da Via Láctea
Posted: 22 Jan 2019 11:30 AM PST
O tradicional "tubo com asas" que tem marcado a aparência dos aviões virtualmente desde sua criação pode mudar para uma arquitetura do tipo "caixa com asas".
Aviões vão passar de tubo com asas para caixa com asas
Detalhes da estrutura do avião de Prandtl. [Imagem: DICI Pisa University]
Avião de Prandtl
O projeto europeu Parsifal elegeu esse design, conhecido como avião de asa fechada, ou avião de Prandtl - em homenagem a seu idealizador, o engenheiro alemão Ludwig Prandtl (1875-1953) - como a melhor opção para o avião do futuro.
As análises e simulações mostraram que o avião de asa fechada supera o tubo com asas em todas as categorias, tornando os aviões mais espaçosos, mais ecológicos e menos dispendiosos.
Definida a configuração estrutural do avião, a equipe agora está construindo um modelo em escala, que deverá estar pronto em 2020.
Avião com escadas embutidas
O projeto está se concentrando na categoria de aviões de tamanho médio, adequados para aeroportos regionais. A diferença é que, em vez dos 180 passageiros desta categoria, a caixa com asas está sendo projetada para transportar mais de 300 passageiros, devido ao ganho de espaço interno. Os engenheiros garantem que, de fato, em vez de exigir mais espaço, ele deverá oferecer vantagens significativas em termos de operações terrestres mesmo com esse acréscimo de passageiros - por exemplo, dispensando as escadas externas.
"Estamos planejando ilhas maiores e três conjuntos de escadas embutidas," explica Aldo Frediani, da Universidade de Pisa, na Itália, coordenador do projeto. "Essas características permitirão que os passageiros embarquem e desembarquem mais rápido, o que economiza tempo e reduz os custos tanto para os operadores de aeroportos quanto para as companhias aéreas".
O avião de Prandtl, com sua aerodinâmica otimizada, também deverá consumir menos combustível e gerar menos emissões. Em particular, acrescenta Frediani, isso diminuirá significativamente a poluição nas áreas aeroportuárias, uma vez que esse tipo de avião é especialmente eficiente nas baixas velocidades envolvidas durante a decolagem e o pouso.
Avião de asa fechada
Todas essas vantagens derivam da característica básica do avião de Prandtl: o seu design. O tubo ainda parece estar lá, mas pode ser largamente ovalado, e a visão das asas faz com que os engenheiros prefiram chamá-lo de "caixa com asas" porque, quando o avião é visto de frente, as asas descrevem um retângulo - a caixa com asas é um tipo particular de design de asa fechada.
"Há duas horizontais típicas de um biplano, mas as pontas das asas estão conectadas com asas verticais," explica Frediani. "Devido a essa configuração especial, esse tipo de aeronave é mais eficiente do que uma convencional".
Aviões vão passar de tubo com asas para caixa com asas
Com o mesmo tamanho externo, esse design permite passar de 180 para 300 passageiros - e com escadas embutidas. [Imagem: DICI Pisa University]
Investimentos
Com seu protótipo, a equipe espera atrair a atenção de uma das grandes indústrias de aviação do mundo, uma vez que serão necessários investimentos para levar o avião proposto do computador para o céu.
Segundo Frediani, se a ideia for bancada por um fabricante de aeronaves imediatamente, os aviões baseados no projeto de asa fechada poderão estar voando dentro de 20 anos.
Fonte: Inovação Tecnológica
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Banana faz sorvete demorar mais para derreter
Posted: 22 Jan 2019 11:28 AM PST
Não, não necessariamente será um sorvete de banana.Pode ser um sorvete de qualquer coisa ou sabor, que a banana vai ajudar a mantê-lo mais cremoso e fazer com que a sobremesa demore mais para derreter.
Banana faz sorvete demorar mais para derreter
Minúsculas fibras extraídas dos cachos de banana e da bananeira prometem melhorar os sorvetes. [Imagem: Robin Zuluaga Gallego]
O que faz a diferença é a adição de minúsculas fibras de celulose extraídas de partes da bananeira que são descartadas durante a colheita.
"Nossas descobertas sugerem que as nanofibras de celulose extraídas dos resíduos da banana podem ajudar a melhorar o sorvete de várias maneiras. Em particular, as fibras podem levar ao desenvolvimento de uma sobremesa mais grossa e mais saborosa, que leva mais tempo para derreter. Como resultado, isso permitiria uma experiência mais relaxante e agradável com a comida, especialmente em climas quentes," disse o professor Robin Gallego, da Universidade Pontifícia Bolivariana, na Colômbia.
A equipe misturou as nanofibras no sorvete em diversas concentrações, de zero, para controle, até 0,3% em peso. Para aferir os efeitos, em vez de pazinhas e lambidas, a equipe usou um reômetro, um aparelho que mede quanta força é necessária para mover um fluido, e um texturômetro, que mede a resposta de um material a forças de tensão, compressão, flexão etc.
As medições mostraram que o sorvete demora mais para derreter e pode ter prazo de validade mais longo porque o material parece agir como um estabilizante. Além disso, as nanofibrilas de celulose podem potencialmente substituir as gorduras usadas para fazer o sorvete.
A seguir, a equipe pretende explorar como diferentes tipos de gordura usados nos sorvetes reagem às nanofibrilas de celulose.
Fonte: Inovação Tecnológica
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Visão laser em lentes de contato
Posted: 22 Jan 2019 11:25 AM PST
A visão a laser do Super-Homem está muito próxima de se tornar realidade - mas não será exatamente o que os fãs mais ardorosos dos quadrinhos podem estar esperando.
Visão laser do Super-Homem virá instalada em lentes de contato
Observe o laser brilhando a partir da superfície da nota - a luz está saindo daquele ponto. [Imagem: Markus Karl et al. - 10.1038/s41467-018-03874-w]
Markus Karl, da Universidade St Andrews, no Reino Unido, criou um "laser ocular", uma espécie de lente de contato capaz de emitir luz laser.
Segundo a equipe, o limite de emissão dos seus "lasers de membrana" é compatível com as exigências de segurança para o olho humano - até o momento, o dispositivo só foi testado em olhos de vacas, para aferir por quanto tempo ele se manteria funcional.
Os componentes ativos do laser são semicondutores orgânicos, que podem ser aplicados por impressão em superfícies flexíveis. O dispositivo se aproxima do limite fundamental em peso e espessura específicos, além de uma flexibilidade mecânica excepcional, o que permitiu colocá-lo em uma lente de contato, nas unhas e até em uma nota de banco.
Visão laser do Super-Homem virá instalada em lentes de contato
Os testes até agora se restringiram a verificar a funcionalidade do laser durante longos períodos em contato com tecidos biológicos. [Imagem: Markus Karl et al. - 10.1038/s41467-018-03874-w]
Apontar para onde se olha
Quanto à visão laser do Super-Homem queimando coisas... bem, a história é bem conhecida.
"Na Grécia Antiga, Platão acreditava que a percepção visual fosse mediada por um 'fluxo visual' - feixes ativamente enviados pelos olhos para sondar o ambiente. A teoria da emissão de Platão foi refutada há muito tempo, mas os super-heróis com lasers nos olhos mantêm-se vivos na cultura popular e nas histórias em quadrinhos," disse o professor Malte Gather.
É certo que dá para pensar em lentes de contato que permitam que os professores apontem diretamente para onde estão olhando, em vez de usar as tradicionais canetas a laser, mas a equipe está pensando em algo com menor potencial de constrangimentos: Códigos de barras para identificação, por exemplo.
"Variando os materiais e ajustando as estruturas da grade do laser, a emissão pode ser projetada para mostrar uma série específica de linhas nítidas em um plano de fundo plano - os zeros e uns de um código de barras digital," disse Karl.
"Nosso trabalho representa um novo marco no desenvolvimento do laser e, em particular, indica como os lasers podem ser usados em ambientes inerentemente moles e dúcteis, seja em sensores de vestir ou como um recurso de autenticação em notas bancárias," acrescentou Gather.
(Fonte: Inovação Tecnológica
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Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
Posted: 22 Jan 2019 11:22 AM PST
O dióxido de carbono (CO2) emitido por usinas de energia e fábricas não precisa ir para a atmosfera.
Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
Tem havido um grande otimismo de que, em um horizonte de uma década, seremos capazes de capturar de forma economicamente viável o CO2 das chaminés e convertê-lo em substâncias úteis para matérias-primas, biocombustíveis, produtos farmacêuticos ou combustíveis renováveis.
"Da mesma forma que uma planta absorve dióxido de carbono, luz solar e água para produzir açúcar, estamos interessados em usar tecnologias para extrair energia do Sol ou de outras fontes renováveis para converter CO2 em pequenas moléculas básicas que possam ser desenvolvidas [em substâncias úteis] usando meios tradicionais da química para uso comercial. Nós estamos tirando inspiração da natureza e fazendo-o de forma mais rápida e eficiente," ilustra o professor Phil De Luna, da Universidade de Toronto, no Canadá.
Base para biocombustíveis
Mas o que exatamente será melhor fazer com o dióxido de carbono capturado, se quisermos realmente transformá-lo em solução, e não em novos problemas?
Luna e seus colegas fizeram uma análise exaustiva, tanto das possibilidades teóricas, quanto dos avanços já realizados em pesquisas experimentais, buscando responder essa questão. Eles identificaram uma série de pequenas moléculas básicas que fazem sentido econômico e poderiam ser fabricadas pela conversão do CO2 capturado.
Para o campo do armazenamento de energia, o mais interessante seria usar o dióxido de carbono para produzir hidrogênio, metano e etano, todos eles podendo ser usados como biocombustíveis para queima ou para uso em células a combustível para geração direta de eletricidade.
Adicionalmente, etileno e etanol poderiam servir como blocos básicos para fabricação de uma série de bens de consumo.
Finalmente, o ácido fórmico derivado do CO2 poderia ser usado pela indústria farmacêutica ou como combustível em células a combustível.
Se capturarmos o CO2, o que devemos fazer com ele?
O exercício de futurologia da equipe coloca a eletrocatálise como a opção mais promissora a curto prazo. [Imagem: Oleksandr S. Bushuyev et al. - 10.1016/j.joule.2017.09.003]
Tecnologias engatinhando
O lado realista da análise é que as tecnologias que podem capturar o CO2 residual e transformá-lo no que quer que seja ainda estão engatinhando.
Com base na análise das start-ups atualmente desenvolvendo estratégias para uso comercial dos trabalhos em laboratório de seus fundadores, o grupo canadense prevê que as próximas décadas trarão grandes melhorias para viabilizar técnica e economicamente o sequestro e a conversão de CO2. A curto prazo - dentro de 5 a 10 anos - estimam eles, a eletrocatálise, que estimula reações químicas por meio da eletricidade, pode ser o caminho para esse processo. E, a longo prazo, daqui a 50 anos ou mais, as máquinas moleculares, moléculas que fabricam moléculas, e outras nanotecnologias podem impulsionar a conversão.
"Isso ainda é tecnologia para o futuro," reconhece o professor Oleksandr Bushuyev. "Mas é teoricamente possível e viável, e estamos empolgados com sua expansão e implementação. Se continuarmos trabalhando nisso, é uma questão de tempo até termos usinas onde o CO2 é emitido, capturado e convertido."
Entraves para o aproveitamento do CO2
Na realidade, há alguns entraves fundamentais para tornar a captura e conversão de carbono uma realidade. A principal delas é que a eletricidade necessária para fazer com que essas reações químicas ocorram tem um custo e pode até mesmo produzir mais CO2 - a resposta para isso está na conversão do CO2 usando energia solar ou outra fonte renovável.
Em segundo lugar, existem poucas fábricas com uma pegada de carbono elevada que emitem CO2 puro, que é necessário para as conversões realizadas em laboratório até agora - a resposta para isso está em tecnologias mais versáteis, que consigam lidar com matérias-primas mais "sujas".
Fonte: Inovação Tecnológica
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Realidade virtual e aumentada no ensino do inglês
Posted: 22 Jan 2019 10:26 AM PST
Atenta aos novos rumos da educação, a brasileira UPTIME se tornou a 1ª escola de inglês no mundo a incluir a tecnologia AVR em material didático.
A realidade virtual (RV) e aumentada (RA) já está sendo aplicada para além do entretenimento. A UPTIME - Comunicação em Inglês aposta na eficácia da tecnologia para educação do ensino do idioma, possibilitando aos seus alunos o acesso a atividades exclusivas que facilitam a aprendizagem e trazem uma série de benefícios.
As atividades em realidade virtual consistem em uma experiência imersiva, em que é possível transportar o usuário para qualquer ambiente contextualizado para uma situação de aprendizado, o que é feito através dos óculos VR, principalmente. Nesse caso, o isolamento dos estímulos externos facilita a memorização, o entendimento e o aprendizado.
Na UPTIME, o aluno tem a possibilidade de simular o cotidiano de um intercambista: que inclui o trajeto no avião, a passagem pela imigração e o caminho para a casa da família que o receberá no país de destino, por exemplo.
O conteúdo em realidade aumentada, possibilita a interação do usuário com um ambiente real e tridimensional. No caso da UPTIME, o conteúdo é contextualizado para experiências educativas, como uma visita ao zoológico até a anatomia do corpo humano. O acesso se dá por meio da evolução dos códigos de barras e QR Codes, o usuário projeta formas e imagens através de um smartphone.
Por dentro do AVR+ UPTIME
Desde 2016 a UPTIME se uniu à EON Reality, líder mundial em realidade virtual, para desenvolver atividades imersivas como forma de acelerar o aprendizado do idioma. Um ano depois, em 2017, a marca lançou em parceria com a empresa internacional, o aplicativo AVR+ UPTIME, que estimula a prática da língua inglesa no desenvolvimento cognitivo, na memorização e entendimentos efetivos. Os conteúdos do aplicativo são exclusivos para alunos da marca e proporcionam um estudo dinâmico e interativo.
O aplicativo AVR+ UPTIME é gratuito e está disponível para download na App Store e Google Play somente para quem é aluno da Rede. Para aqueles que desejam ter uma experiência com a tecnologia e não são alunos, a UPTIME desenvolveu o AVR Xperience.
Nele, estão disponíveis atividades com vocabulário em inglês relacionadas ao sistema solar e ao corpo humano. Para acessá-las, basta fazer o download do aplicativo nas lojas dos smartphones.
Fonte: IDG Now
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Dezoito pessoas podem morrer por dia na Grande SP por poluição até 2025
Posted: 22 Jan 2019 10:14 AM PST
Poluição mata 2 vezes mais que acidente de trânsito, aponta levantamento de instituições.
Estudo sobre poluição do ar na Grande SP foi divulgado hoje — Foto: TV Globo/reprodução
Um estudo divulgado pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade e a Escola Paulista de Medicina aponta que, se os níveis de poluição continuarem como estão, até 2025, haverá mais de 51 mil mortes na Grande São Paulo provocadas pela má qualidade do ar.
Os números correspondem a 6,4 mil mortes por ano, ou seja, 18 mortes por dia na Região Metropolitana de São Paulo.
A chuva limpa o ar e as pessoas respiram melhor, mas, na capital, a fumaça que sai dos escapamentos afeta muito a qualidade do ar, e agrava as doenças respiratórias.
Sem falar na perda de produtividade: são os gastos com as doenças, que chegam a R$ 22 bilhões nos próximos 8 anos.
Durante a pesquisa, os médicos afirmaram que 11 pessoas devem dar entrada nos hospitais diariamente - até 2025 - com doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer de pulmão.
Segundo os pesquisadores, a poluição em São Paulo mata duas vezes mais do que acidentes de trânsito, cinco vezes mais do que câncer de mama e sete vezes mais que a AIDS.
Diante dos números, a Associação Paulista de Medicina um manifesto às autoridades municipais, estaduais e federais para que os padrões nacionais de qualidade de ar e os limites de emissão de poluentes sejam revistos. O manifesto "Um minuto de ar limpo" pretende chamar a atenção da população para o problema.
Médicos lançam campanha por ar limpo — Foto: TV Globo/reprodução
“O que os médicos estão fazendo aqui hoje é um apelo aos gestores ambientais responsáveis pelas mudanças, que se sensibilizem com essa questão da saúde que é real, mais que provada cientificamente e nos atendimentos que temos no SUS e nos gastos públicos pra isso”, diz Evangelina Vormitagg, diretora da Associação Paulista de Medicina.
Fonte: G1
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A água no Brasil: da abundância à escassez
Posted: 22 Jan 2019 10:11 AM PST
Especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.
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Garantir o acesso à água de qualidade a todos os brasileiros é um dos principais desafios para os próximos gestores do País. Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.
Em várias regiões do País, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.
O Brasil tem 12 regiões hidrográficas que passam por diferentes desafios para manter sua disponibilidade e qualidade hídrica. Mapeamento do Ministério do Meio Ambiente mostra que, nas bacias que abrangem a Região Norte, o impacto vem principalmente da expansão da geração de energia hidrelétrica. Na Região Centro-Oeste, é a expansão da fronteira agrícola que mais desafia a conservação dos recursos hídricos. As regiões Sul e Nordeste enfrentam déficit hídrico e a Região Sudeste apresenta também o problema da poluição hídrica.
Em nível global, o desafio é conter o aumento da temperatura do clima, fator que gera ondas de calor e extremos de seca que afetam a disponibilidade de água. O relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, das Nações Unidas, divulgado recentemente, mostra que, se a temperatura global subir acima de 1,5°C, em todo o mundo mais de 350 milhões de pessoas ficarão expostas até 2050 a períodos severos de seca.
Brasil: o mito da abundância
“As gerações mais antigas foram criadas com o mito do país riquíssimo em água, que água seria um problema crônico, histórico, só no Nordeste, no semiárido. Obviamente, desde 2013, na primeira crise que a gente teve, o apagão, que na verdade foi um “secão”, porque não foi resultado só de uma questão elétrica, ficou claro que o Sudeste e o Centro-Oeste têm problemas concretos, intensificados nos últimos dois anos, de disponibilidade de água”, destacou Ricardo Novaes, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil.
O pesquisador explica que a crise resulta também da falta de adequada gestão do uso da água, sobretudo em períodos de estiagem – tendência que deve se manter tendo em vista o baixo índice de precipitação registrado no início desta primavera.
Resultado de imagem para Brasil: o mito da abundância“Temos indicativos de que há um risco de, no próximo verão, ou talvez no outro ano, termos novamente um quadro muito complicado em São Paulo, talvez em todo o Sudeste. Os reservatórios estão com níveis abaixo do que estavam há dois anos, antes da crise de 2014 e 15”, afirmou.
Depois da grave crise hídrica de 2015 que afetou a população de São Paulo, os moradores do Distrito Federal (DF) também passaram pelo primeiro racionamento nos últimos 30 anos devido à falta de água nas principais bacias que abastecem a região. Por mais de um ano, os moradores da capital do país tiveram que se adaptar a um rodízio de dias sem água devido ao esgotamento dos reservatórios das principais bacias que abastecem a cidade.
Na área rural, o governo do DF decretou estado de emergência agrícola. Na época, foi estimado um prejuízo de R$ 116 milhões com a redução de 70% na produção de milho, segundo estudo da Secretaria do Meio Ambiente do DF.
Berço de águas escassas
Os especialistas apontam que uma das principais causas para a crise hídrica é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentradas as nascentes de rios importantes do país, devido a sua localização no Planalto Central. Conhecida como berço das águas, a região tem vegetação de Cerrado, bioma que ocupa mais de 20% do território e atualmente é um dos principais pontos de expansão da agropecuária, atividade que usa cerca de 70% da água consumida no país.
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Como consequência do avanço da fronteira agrícola, o Cerrado já tem praticamente metade de sua área totalmente devastada. Os efeitos da ausência da vegetação nativa para proteger o solo já são percebidos principalmente na diminuição da vazão dos rios e na escassez de água para abastecimento urbano.
Segundo a coordenadora do programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Isabel Figueiredo, que integra a Rede Cerrado, o desmatamento acelerado está impactando tanto a frequência de chuvas, que vem diminuindo nos últimos cinco anos na região, quanto na capacidade do solo de absorver e armazenar a água no subsolo e devolvê-la para os rios.
“A mudança do uso da terra tem alterado demais o ciclo da água e faz com que a gente tenha menos água nos rios, os rios muito assoreados e menor disponibilidade de chuva. Então, o ciclo da água está num pequeno colapso”, afirmou Isabel.
Projeções do Painel Brasileiro de Mudança Climática (PBMC) apontam que nas próximas três décadas o bioma do Cerrado poderá ter aumento de 1°C na temperatura superficial com diminuição percentual entre 10% a 20% da chuva.
“A contribuição do Cerrado para as bacias hidrográficas importantes do Brasil, como São Francisco, Tocantins, por exemplo, vai diminuir muito, se esse processo de desmatamento continuar nesse nível”, completou.
A especialista lembra ainda que o desmatamento do Cerrado não afeta somente as comunidades locais, que já relatam dificuldades para plantar, mas também outras regiões. “Os biomas e ecossistemas brasileiros estão todos interligados. O desmatamento do Cerrado afeta a chuva que cai em São Paulo, o desmatamento na Amazônia afeta a chuva que cai aqui no Cerrado”, explica.
Outros desafios
O desafio de garantir o funcionamento do ciclo hidrológico natural também tem impacto na manutenção dos aquíferos subterrâneos. Os pesquisadores lamentam que o assunto não tenha destaque no debate público e na agenda eleitoral e alertam que, para evitar a próxima crise, é necessário criar um modelo de gestão das águas subterrâneas.
Outro problema que leva à escassez de água é a estrutura precária de saneamento. Considerando as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário, uma das principais preocupações com relação à água é garantir a universalização do saneamento.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água tratada no Brasil e o sistema de abastecimento de água potável gera 37% de perdas, em média. A falta de tratamento do esgoto compromete mais de 110 mil quilômetros dos rios brasileiros que recebem os dejetos.
A agência estima que, para regularizar a situação, seriam necessários pelo menos R$ 150 bilhões de investimentos em coleta e tratamento de esgotos até 2035.
“Um objetivo absolutamente fundamental, mas que vai exigir um nível de investimento, comprometimento de agentes públicos e desenvolvimento de tecnologias – e não estamos vendo energia sendo colocada pra atingir isso. E não adianta você investir em saneamento e ter de buscar água cada vez mais longe, por causa do desmatamento”, criticou Novaes.
Um problema de percepção
Doutor em ecologia e autor de vários livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire destaca que todos estes problemas só serão resolvidos quando os governos e sociedade mudarem sua percepção sobre a importância dos recursos naturais para a sobrevivência humana.
“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo”, constata.
Segundo o professor, não há lugar seguro no planeta e, além da falta de percepção, há uma absoluta falta de governança na gestão da água. O escritor também critica a indiferença e incapacidade da classe política em lidar com o tema da educação ambiental.
“A história dos problemas ambientais passa por essa falha de percepção por várias razões: conveniência, ignorância ou apatia. Todo o processo de educação ambiental hoje tem de estar obrigatoriamente centrado na ampliação da percepção, senão não vai mudar coisa alguma”, avalia Freire.
O professor ressalta que vários colapsos já estão ocorrendo devido à grande pressão da população mundial de sete bilhões de pessoas sobre os sistemas naturais, que estão assumindo “configurações diferentes das que nós estamos acostumados para neutralizar nossas ações”.
Para evitar o agravamento da situação, é necessária uma evolução do ponto de visto ético e moral e não somente científico e tecnológico. “A mudança do clima é a maior falha de mercado da espécie humana, porque é algo em que a inteligência estratégica de sobrevivência do ser humano não funcionou e continua errando de forma insistente. E qual a consequência disso? E você ter o crescimento de conflitos que já estão estabelecidos, como disputa por água, energia e espaço, aumento de refugiados”, comenta.
Agência Brasil
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Conheça a radula, a planta que pode ser a maconha do futuro
Posted: 22 Jan 2019 10:01 AM PST
Com efeitos medicinais e recreativos semelhantes aos da Cannabis sativa, uma planta hepática comum nativa de países como Nova Zelândia, Costa Rica e Japão está despertando o interesse da comunidade científica.
Trata-se do gênero Radula, subdivisão da família Radulaceae - com cerca de 300 espécies descritas. Em algumas delas, como a Radula marginata, a Radula laxiramea e a Radula perrottetii, já foi comprovada a presença de psicoativos.
Um estudo publicado nesta quarta-feira pelo periódico Science Advances busca explicar melhor as possibilidades da planta.
Cientistas das universidades de Berna e de Zurique, ambas na Suíça, analisaram os efeitos de uma substância isolada da radula em camundongos. A conclusão geral foi de que, embora a planta não seja do gênero Cannabis, ela também pode ser considerada um canabinoide "moderadamente potente, mas eficaz" - usando aqui exatamente a expressão do artigo publicado pelos pesquisadores.
Radula
STEFAN FISCHE - Image caption - Embora a planta não seja do gênero Cannabis, ela é considerada um canabinoide 'moderadamente potente, mas eficaz', diz pesquisa
"Radula contém perrotinolene, uma variante do THC psicoativa, com efeitos semelhantes", explicou à BBC News Brasil o bioquímico Jürg Gertsch, professor da Universidade de Berna e um dos autores do estudo. THC, ou tetraidrocanabinol, é a principal substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis.
"(Em comparação com a maconha,) eles diferem em termos de potência e, possivelmente, efeitos adversos", completa o cientista, ressaltando que, em laboratório, os testes foram feitos com o perrotinolene de forma isolada. "Nós não testamos os efeitos da própria planta - podemos esperar que o conteúdo de perrotinolene varie entre amostras diferentes."
Menos dano à memória
Desde 1994, sabe-se que algumas plantas do gênero Radula contêm essa variante do THC. Mas, até recentemente, nenhum estudo com esta abordagem havia sido realizado. O que os cientistas fizeram foi analisar os efeitos da radula no nível molecular, justamente para conseguir definir as consequência toxicológicas da substância - agora em camundongos, mas prevendo algo semelhante em humanos.
A pesquisa mapeou efeitos da substância em 44 pontos do sistema nervoso central. Concluíram que, assim como ocorre com a maconha, o THC da radula pode se acumular no cérebro. Essa variante encontrada na planta também tem efeitos analgésicos e pode causar catalepsia, hipolocomoção e hipotermia.
Cannabis seca, armazenada em potes de vidro
GETTY IMAGES - Image caption - Cannabis: Pesquisador diz que provavelmente os efeitos recreativos da radula são menos fortes e vê nela mais aplicações medicinais
As principais diferenças entre ela e a Cannabis, no entanto, estão em algumas vantagens: ao menos nos testes com camundongos, a radula causou menos efeitos adversos - por exemplo, na memória. "É menos potente e podemos esperar menos efeitos no sistema nervoso central e, por exemplo, na memória. Mas ainda são necessários mais estudos para comprovar isso", comenta.
"Os efeitos no organismo são mediados pelos mesmos receptores canabinoides, mas o perrotinolene age mais como um canabinoide endógeno, com efeitos antiinflamatórios potencialmente mais fortes no cérebro", compara Gertsch.
Uso recreativo já vem sendo identificado
Os cientistas explicam que a ideia da pesquisa surgiu porque o uso recreativo da planta vem sendo observado de forma pequena, mas crescente. "Até o momento, as espécies vegetais de radula, contendo esta variante de THC, são legais em todo o mundo", frisa o bioquímico.
Obviamente, muito mais do que uso recreativo, os cientistas querem entender como as substâncias da radula agem no organismo para vislumbrar aplicações terapêuticas. "Provavelmente, os efeitos recreativos são menos fortes (do que os proporcionados pela Cannabis). Mas a radula pode oferecer uma oportunidade maior de aplicações medicinais", vislumbra.
"Acredito que o composto da planta poderia ser usado para fins medicinais", afirma o pesquisador, antevendo a ideia de que a substância possa ser sintetizada industrialmente. "A planta em si cresce muito lentamente e produz apenas pequenas quantidades do composto. Ou seja: a produção de um fitoterápico parece inviável."
Imagem mostra homem, mulher e criança com plantas de radula na Nova Zelândia
JAMES HEREMAIA - Image caption - Na Nova Zelândia, a radula é usada historicamente como rongoã - a medicina tradicional maori, baseada nas propriedades de ervas
Tradição neozelandesa
Os pesquisadores suíços também observaram o uso autóctone da planta na Nova Zelândia, um dos locais onde a radula é endêmica. "Pode haver uma ligação etnofarmacológica", afirma Gertsch. "Radula marginata tem uma longa história de uso tradicional."
No arquipélago, a planta é usada historicamente como rongoã - a medicina tradicional maori, baseada nas propriedades de ervas.
Suas propriedades sempre foram conhecidas pelos tohunga, os mestres da cultura maori. "Radula é um 'taonga' do povo maori, mas ainda não há literatura científica sobre isso", diz o bioquímico. Taonga é o termo utilizado para designar o tesouro, o patrimônio cultural da cultura ancestral da Oceania.
Fonte: JC/BBC
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Cavernas no pré-sal poderão armazenar CO2
Posted: 22 Jan 2019 09:54 AM PST
Patente de tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás, financiado por Fapesp e Shell, foi depositada no Inpi
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A exploração de petróleo na área do pré-sal brasileiro tem gerado novas tecnologias para contornar as dificuldades existentes nas águas profundas e nas longas distâncias da costa. Uma delas resultou em uma patente recém-depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) por pesquisadores vinculados ao Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) financiado pela Fapesp e pela Shell, com sede da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP).
A novidade é um sistema que separa por gravitação o dióxido de carbono (CO2) do gás metano (CH4) que são encontrados misturados nos poços de petróleo, principalmente nas reservas do pré-sal, em águas ultraprofundas, com lâmina d’água (da superfície até o solo marinho) de 2 a 3 mil metros de profundidade.
A solução dos pesquisadores indica que a separação e a retenção do CO2 podem ocorrer em cavernas construídas na camada de sal. A escavação e a formação dessas cavernas seriam realizadas por meio de lixiviação, com água do mar sob alta pressão moldando ambientes com até 450 metros de altura por 150 metros de largura. A expectativa é que cada caverna possa armazenar até 8 milhões de toneladas de CO2.
O CO2 tem um mercado equivalente a pouco mais de 1% do total de emissões totais desse gás. O CO2 é utilizado na indústria alimentícia, por exemplo, na produção de refrigerantes, entre outros produtos, e na indústria petroquímica. Mas a parcela que é liberada na atmosfera é danosa ao ambiente, tanto que o CO2 é o principal causador do aquecimento global e das mudanças climáticas. Com a técnica apresentada na patente, o gás pode ficar estocado nas cavernas para sempre.
No pré-sal, o petróleo produzido está misturado com gás natural, em fase líquida e gasosa, com concentração de CO2 variando de 20% a 60%. “A técnica atual de separação de CO2 e gás natural utiliza membranas na própria plataforma de exploração petrolífera. Mas é um sistema caro. Há 20 anos, o CO2 era liberado na atmosfera e o metano [principal componente do gás natural] queimado em tochas no alto das torres das plataformas de petróleo ou nas refinarias”, disse Julio Meneghini, coordenador do RCGI e professor da Poli/USP, à Agência Fapesp.
As cavernas no subsolo marinho para acondicionamento de hidrocarbonetos (petróleo, gás etc.) já existem desde a década de 1960 e somam hoje mais de 4 mil.
A invenção dos pesquisadores do RCGI uniu o uso das cavernas à separação do CO2 e do gás natural (CH4) contando com a gravidade. Depois de extraído do poço, o gás misturado (CO2 + CH4) é injetado sob alta pressão nas cavernas com o auxílio de uma camada de um fluido sintético que separa os gases da água do mar, não permitindo que os dois se misturem e funcionando como uma espécie de repelente tanto ao gás quanto à salmoura.
O conceito inovador está na utilização de pressões de 500 a 600 atmosferas (atm) que fazem o CO2 permanecer em um estado termodinâmico supercrítico, em que a densidade é semelhante à de um líquido, mas com viscosidade mais baixa que a do estado gasoso.
Assim, mais pesado, ocorre a separação: o gás natural (composto de metano, em maior quantidade, etano e propano) fica na parte superior da caverna, podendo ser retirado para comercialização de forma mais fácil.
“Na caverna, e sem o CH4, é possível diminuir a pressão interna e transformar o CO2 em gás. Assim, a caverna pode receber mais dióxido de carbono. Então, quando a caverna estiver cheia poderá ser selada e abandonada”, explicou Meneghini. Mesmo em casos extremos, como no de terremotos, por exemplo, o conteúdo das cavernas permanece retido porque a rocha salina consegue se autorreparar rapidamente, sem deixar trincas abertas
Propriedade intelectual
Essas cavernas podem ser moldadas na faixa do sal que mede cerca de 3 quilômetros de altura, entre os bolsões de petróleo, abaixo, e o solo marinho, com os mesmos equipamentos utilizados para injetar água do mar nos poços de petróleo. Isso ocorre quando o poço está no final da vida útil e a pressão da água injetada faz soltar o restante de petróleo preso às rochas.
As cavernas devem ficar próximo às plataformas de exploração para receber a energia elétrica que fará funcionar as bombas instaladas no fundo do mar para a injeção de água à vazão de 200 a 1.000 metros cúbicos por hora. Outras estruturas conhecidas como risers fazem a injeção de gás. O acompanhamento do que ocorre no interior das cavernas poderá ser feito por sensores de pressão e de gases.
Os pesquisadores do RCGI trabalham atualmente na bacia do Espírito Santo, a 50 quilômetros da costa. Por meio de modelagem computacional, eles estimam que podem ser construídas 14 cavernas naquela bacia.
O gás natural extraído pode ser utilizado para geração de energia elétrica na própria plataforma ou armazenado como uma reserva estratégica. Outra vantagem é a capacidade de estocar CO2 em locais distantes de centros habitados.
Os pesquisadores da USP que participam da patente são Álvaro Maia da Costa, Pedro Vassalo Maia da Costa, Cláudio Oller, Felipe Rugeri, Júlio Meneghini e Kazuo Nishimoto.
Agência Fapesp
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Origem da Via Láctea
Posted: 22 Jan 2019 09:49 AM PST
Como o espaço sideral é uma máquina do tempo e também uma sucessão de fusões, junções e separações, cada nova descoberta tem o poder de contar um pouquinho mais sobre a formação dele e, em última instância, de nós mesmos.
Via lácteaDireito de imagemRENSSELAER POLYTECHNIC INSTITUTE
Image caption
Pesquisa mostra que a Via Láctea como conhecemos hoje é resultado de uma fusão com a galáxia Gaia-Enceladus, há 10 bilhões de anos
E a descoberta mais recente é de que a Via Láctea, galáxia onde está o Sistema Solar - e onde nós estamos -, se fundiu a outra galáxia, uma parceira chamada Gaia-Enceladus, 10 bilhões de anos atrás. A pesquisa a respeito, que ajuda a compreender um pouco sobre os movimentos e as formações naturais do espaço, está na última edição da revista científica Nature.
Essa fusão com Gaia-Enceladus deu origem à maior parte do halo da Via Láctea. Também teria sido responsável por moldar o seu disco, dando a ele uma certa forma inflada. Quem descobriu e descreveu precisamente como ocorreu essa megafusão espacial foi a astrônoma Amina Helmi e sua equipe, todos cientistas da Universidade de Groningen, na Holanda.
Soma de galáxias
Já era um consenso no meio astronômico de que grandes galáxias, como a Via Láctea, sempre são a fusão de galáxias menores. Assim, a Via Láctea não poderia ser diferente: também é produto de pequenas fusões.
Helmi se tornou obcecada pelo tema. Ao longo de sua carreira, a pesquisadora revirou os lugares conhecidos da Via Láctea, em busca de "fósseis" que pudessem auxiliar em sua pesquisa. A astrônoma lançou mão de dados como evolução, composição química, posição e trajetória das estrelas para compreender suas histórias. Com isso, é possível identificar as fusões que criaram o início da Via Láctea.
A cientista usa a composição química,a posição e a trajetória das estrelas no halo para deduzir sua história e, assim, identificar as fusões que criaram o início da Via Láctea.
Os dados foram obtidos por meio do satélite Gaia, uma bem-sucedida missão da Agência Espacial Europeia. Em abril deste ano, o projeto disponibilizou uma avalanche de dados para a comunidade astronômica, com informações de uma base de 1,7 bilhão de estrelas.
Amina Helmi
ASTRÔNOMA AMINA HELMI DESCOBRIU A OCORRÊNCIA DA FUSÃO
Comportamento estelar
Helmi observa sistematicamente a organização da Via Láctea desde os últimos 20 anos. "Esperávamos que as estrelas se fundissem com os satélites no halo", afirma. "O que não esperávamos encontrar era o fato de que a maioria das estrelas-halo de fato tivesse uma origem compartilhada, em uma fusão muito grande", diz.
Os cientistas identificaram que a "assinatura química" de muitas estrelas do halo são claramente diferentes das estrelas "nativas" da Via Láctea. "Estas são grupos bastante homogêneo, o que indica que eles compartilham uma origem comum", comenta, sobre as "nativas".
"As estrelas mais jovens da Gaia-Encefalodus são na verdade mais jovens do que as estrelas nativas, sobretudo na região hoje do disco principal", diz Helmi. "Isso significa que o progenitor desse fenômeno já estava presente quando a fusão aconteceu, e Gaia-Encefalodus, por causa de suas dimensões diferentes, balançou e encheu-se."
Em estudo anterior, a astrônoma Helmi já havia descrito o fenômeno. Ao analisar um conjunto de estrelas de origem comum, ela concluiu que as estrelas dessa bolha no halo são escombros da fusão da Via Láctea com uma galáxia que era um pouco mais massiva.
Gaia-Enceladus
Helmi e sua equipe concluíram que estrelas desse tipo, localizadas nesses conjuntos, são os escombros da fusão entre Via Láctea e uma outra galáxia, há cerca de 10 bilhões de anos.
Essa galáxia é conhecida como Gaia-Enceladus, em homenagem a Enceladus ,gigante que, na mitologia grega, nasceu de Gaia - deusa da Terra - e Urano - deus do Céu.
Enceladus também foi o nome que escolheram para batizar uma lua do planeta Saturno.
Enceladus sendo devorado pela Via Láctea
RENÉ VAN DER WOUDE, MIXR.NL
Image caption
A galáxia que se fundiu com a Via Láctea é chamada Gaia-Enceladus, em homenagem a Enceladus, gigante que, na mitologia grega, nasceu de Gaia, deusa da Terra, e Urano, deus do Céu
Helmi bem lembrou de que dados sobre cinemática, química, idade e distribuição espacial das estrelas da Via Láctea já vinham sendo coletados e arquivados pelo projeto Gaia-Enceladus - antes dos dados disponibilizados neste ano.
O projeto de pesquisa existe há cerca de 10 anos. "Foi incrível olhar para os novos dados do Gaia e perceber aquilo que eu já vislumbrava", afirma a especialista.
Missão Gaia
A Missão Espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, foi lançada em dezembro de 2013. O satélite tem o objetivo de monitorar dados de estrelas, realizando medições de posição, de velocidade radial e de luzes.
A missão está desenvolvendo um mapa tridimensional das estrelas da Via Láctea, possibilitando a compreensão de sua formação.
Fonte: JC / BBC
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